sábado, 5 de janeiro de 2013

SOLIDÂO DE PESQUISA


Hoje é sábado. Sábado gêmeo. Idêntico ao que passou. Igual ao que virá. Chove la fora. A rua está vazia. Ninguém... Vou até a cozinha e como uma fruta.Inteira. Fumo um cigarro. Outro. E o outro? Que pergunta curiosa e vibrante! Acendo um cigarro agora ou daqui uns minutos? Devo me levantar daqui e ir na cozinha tomar água? Quantos minutos minutos levarei fazendo isso? Quantos minutos tem a vida da gente?  Quantas perguntas fascinantes faço a mim mesmo. Perguntas que talvez levem a vida inteira para serem respondidas. Ou nunca saberei das respostas. Leio uma revista, duas,três. Leio um livro, leio outro. Mais outro. O que dizem eles? Nada...Nada certamente do que quero saber. O que quero saber exatamente? O que quero exatamente? Que diferença isso faz? A quem interessa?  O que interessa? Olho na janela. Vejo o conto o numero de capelas e de telhados. A chuva continua. A rua está molhada e triste. Os carros estão molhados e lentos. Volto e fico aqui, fico em casa. Quantas observações "importantes"...talvez até mudem o curso da história.Ou da minha vida? Alguém um dia vai saber disso?  Tomei um banho. Levei cinco minutos. Fumando um cigarro também levei este tempo.  Dez minutos se passaram na minha vida. E daí?  Quanto falta? Por que falta?
A televisão está ligada. Alguém anda pela casa. Da sala para o quarto, do quarto para a sala. A televisão continua ligada. Penso em fumar de novo, mas desanimei. Já fumei muito. E na certa vou levar mais cinco minutos. Agora são os carros que buzinam e disparam. Para onde? Para onde vão todos num dia de sábado chuvoso e triste? Sinto saudade. Estou em constante saudade. Tenho vontades presas em mim.  Agora já é noite.  Chove ainda. Penso ainda. Quero ainda. Quanta coisa inútil se passa na minha cabeça inútil. Quem se preocupa com isso? É sábado.  É noite. A noite chega lenta, calma e sufocante.  A noite traz mais forte o silêncio e a saudade. A noite desaba triste e cansada sobre minha cabeça. A noite chega, tão linda...tão insignificante.

(* Trecho de livro escrito por mim "Até  Agora Não Entendi Nada"-- São Luiz - Jan-81 \\   fica como depoimento  de um "ex-tudo" ).


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