sexta-feira, 19 de setembro de 2014

PARA QUE EXISTO?


Hoje quando eu revirava alguns guardados, quando  tentava organizar uma bagunça, como acontece nesses casos, aparecem coisas que você para e pensa se joga ou não fora, também surge aquela velharia descartável, mas o certo é que aparecem os pós e as lembranças - coisas inevitáveis.
De forma quase desconectada pensei na inutilidade da maioria das coisas ali.  E por mais que tivesse "vivido" com aqueles materiais, objetos e alguns móveis, nada daquilo me dava saudosismos ou qualquer espécie de apego. Alguns guardei, outros doei outros foram jogados fora. Nenhum apego.  Porque - pensei eu- nada daquilo guardado - sem função objetiva - me pareceu importante.
De que adianta uma maquina de costura se não está sendo útil para costurar ou um violão se não está sendo tocado? As conexões não estão apenas no objeto ou na utilidade mas o nascedouro deles. Para que nasceu? Qual seu espaço? seu objetivo de vida?
Pensei em pessoas que descartamos ou relacionamentos que são descartáveis e no quanto fui descartado. Pensei num amigo meu que   que foi descartado por um grupo religioso - do qual liderava- porque num reunião intima e oportuna ele confessou sua homo-afetividade -e  ele foi tão descartado que até sua casa foi invadida e seus objetos arrancados e móveis foram lançados no quinta da sua própria casa - ele foi expulso pela inutilidade que representava- sem nenhum respeito, amor ou humanidade.
Fiquei pensando  de como consideramos coisas e criamos com facilidade um grande apego - e por mais obvio que pareça a comparação - nos descartamos de gente, de pessoas. Para que elas servem?
Para que servimos? porquê choramos por objetos, porque valorizamos o guardado sem valor e não temos uma consideração  simples por gente - algumas até que conviveram , que estiveram próximas- e não quero falar de sinais escatológicos do esfriamento do amor nos corações - nem antropológicos da sobrevivência da espécie atropelando sentimentos e tendo velocidade em superar e avançar sem perceber o que chamamos de mais próximos?
Para que nascemos? Nossa identidade de gente, do nosso nascedouro foi roubada pela pressa, pelas funções, pelas necessidades, pelo esfriamento, pelo preconceito, pela mentira da desnecessidade que temos um do outro - foi roubados na essência.
Quando no profetismo de Isaías ele anunciou o Messias - O Cristo - ele fez da seguinte maneira:  o Servo Sofredor. Seu nascedouro.
Veio para servir porque seria Servo. Sofredor porque era servo. Seria desapegado, descartado, humilhado mas continua servo.
Servo em todos sentidos - da doação, da entrega, do amor, do servir  suprindo, ensinando, curando e servindo na salvação de muitos.
Nasceu para servir. 
Quando pensamos na nossa existência nos nossos apegos, ou preocupações e ansiedades mil  esquecemos do nosso nascedouro. Para que nascemos? De que eu nasci? Porquê do meu nascer?
Se eu me esqueci de tudo e não sei mais de nada, porque não nascer de novo? Nascer do alto, nascer do servo sofredor? Não nascer para o que existo? Que tal amar esse Servo acima de todas as coisas e ser servo do próximo? ou amar - o que seria no mesmo nascer o seu sentido real.
Voltemos ao sentido. Porque só faz sentido viver se fez sentido nascer.
Para que existo? 



Um comentário:

Unknown disse...

Lindo seu escrito, parabéns.
Escrevi um recado no seu Badoo.