sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

REPUBLICA DO SILENCIO



SOBRE este lugar, digo é que um mundo mergulhado entre noites e automóveis em movimento diário,constante, irrelevante. Nesse universo sonolento, desatento eu, parte do drama. Um alto falante anunciando a missa das seis ou um casamento quem sabe falecimento, parte do drama.

SOBRE este lugar, digo que o anuncio de um grande romance - de movimentos limpos, junto com o chafariz da praça desse lugar, se inicia. Parte do drama.  Corações conquistados, jovens, meigas criaturas, numa poesia suave e divertida, distraída numa triste  e antiga melodia que faz rima e embala  noites e casais.

DEBRUÇADO  na varanda - ou sobre a melodia -- nada assusta nada passa rápido, no movimento lento da inquietação do que é novo do que é antigo parece que isso conquistou meu coração, mas que não pertencem ao meu universo diário por isso de saída meu entusiasmo arrefeceu.

NADA por aqui tem vida própria, linguagem própria nem eu nem esse lugar, estranho lugar, sobre este lugar. República do Silencio. Tudo isso é uma fábula carregada de piração que não paga tributo a razão porque ainda não descobri qualquer recado específico no anuncio do grande romance, do casamento, da missa das seis e todos continuam dando passos, passos das seis, como andar em torno daquela praça  fosse o circulo da própria existência.

ESTOU  desamparado e sofrido perdedor nessa republica do silencio, de movimentos lentos e limpos no meio de uma feira de diversões desfilando minha teimosia ou acomodada derrota. Talvez uma simbiose perfeita  entre uma preguiça mental ou alguma coisa que não resolvi na ultima discussão com a vida.

FICO AQUI pra sempre? Essa paixão me incendeia, corre em mim e na veia uma vontade instantãnea de permanecer me acomodar  e ser levado pelo segredo da alquimia do silencio, das coisas que não são com as certezas transformadas em duvidas que rondam a varanda  e o meu portão neste mundo mergulhado e atravessado  numa parte de uma historia qualquer, e eu empenhado na minha própria solução que sem rima vira parte do drama. Republica do silencio dos que não falam, dos que não tem o que falar e se falassem voltariam ao mesmo lugar.



(*trecho livro "Até agora não entendi nada" - 81- ex- tudo )






Nenhum comentário: