PENSEI em lhe telefonar. Pensei. Pensei em lhe falar, desabar,desabafar,desaguar, explodir lhe culpar. Pensei em me culpar, me olhar no espelho com desprezo, em sair, beber e fugir.
PENSEI em sentar no meio-fio e ter uma conversa comigo mesmo. Pensei em destruir com raiva, o que ainda restava de nós dois. Do que fomos. Não por satisfação, orgulho ou vaidade, mas apenas como um tiro no escuro, cego por atingir um alvo, mesmo sem saber qual.
PENSEI em ignorar tudo, em fingir não perceber que nós estamos causando uma implosão estúpida de nossos sonhos, ideais e idéias que sempre nos emocionaram. PENSEI em me refugiar num pedaço de mundo bonito, que era o nosso. Não mais consigo enxergar, sentir ou tocar.
PEDACINHO de mundo bonito que existia, tão fortemente, que nos movia e comovia muito e sempre. PENSEI em me esconder numa solidão bem grande, bem forte, para que a tristeza desse momento, me levasse a sofrer muito -- uma dorzinha quase física -- tanto que chegasse a me convencer da necessidade que tenho de você.
E ESSA NECESSIDADE seria tão clara e boa, que talvez até apagasse um pouco de minha mágoa e me deixasse chegar até você, leve, aberto,novamente.
poder lhe falar do que sinto, e não ficar aqui apenas pensando.
PENSEI em voltar ao meu verão, a mesma noite, a mesma música. O mesmo dia e fazer as mesmas loucuras. Lhe amar do mesmo modo. Sempre intensamente.
PENSEI em como seria bom poder repensar tudo. Evitar tolices, coisas pequenas e mesquinhas que, gradualmente, foram conseguindo ofuscar cada dia e cada vez mais tudo o que fomos. PENSEI.
(* trecho do livro que escrevi chamado "Até agora não Entendi nada"-- em 81 - fica como depoimento-hiato-existencial de um ex-tudo ).
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