Quando meu primeiro filho ainda com cinco anos em Brasilia me fazia mil perguntas naqueles dias - questões tipicas de sua idade - eu ficava impressionado com a capacidade dele fazer tantas perguntas ao mesmo tempo.
Vendo ele ali comigo naquele dia, naquele onibus, ali com com aquelas perguntas todas pensei na dependencia dele de mim, nao apenas para responder perguntas mas para conduzir, suprir, amar, proteger.
De repente me peguei lembrando do meu proprio tempo como filho, das minhas perguntas de entao, da minha dependencia, das minhas carencias e das minhas falta de respostas, falta de amor, de proteção. Simplesmente não tinha nada disso porque nao tinha pai. Meu pai me deixou ainda aos cinco anos. Mesma idade de tantas perguntas que na sua maioria que eu nunca tive respostas.
Considerei que aquilo , que aquele pai que nao tive, que aquelas perguntas sem respostas, que aquele amor nao recebido nao era tão significativo, alias nao era nada significativo, nao era relevante e nem importante.
Foi quando uma voz discreta, gentil mas firme falou algo dentro de mim que me chamou a atenção e que eu emocionado concordei. Talvez eu achasse que nao fez falta tudo aquilo, porque nunca tive, nunca presenciei, nunca desfrutei a presença do pai, entao como saber? eu sentia ausencia mas nao tinha o contraste da felicidade que aquilo poderia me trazer, porque simplesmente nunca tive.
Hoje quando penso nos meus filhos, nos cuidados todos, nos excessos todos, na proteçao, nas respostas, nas relevancias, a preocupação de levantar sua auto estima e todas essas coisas generosas do amor cuidadoso, hoje reflito sobre ate onde isso foi ou ate onde isso fez falta ou fez sobra na vida deles.
A pergunta que hoje como pai eu continuo sem resposta é porque nao ha um correspondente amoroso? porque os filhos nao veem os pais como gente? presente, com carencias, com demandas e que as vezes so querem mesmo que os chame de "pai" - e não de qualquer outra coisa moderna. Sera que o excesso de "amor" de levantar o astral filial, leva essa filiação a encarar a paternidade como procriação apenas? Fez, esta feito e até logo. Ou seja nao "temos o que dar" porque a nossa vida foi sempre o "receber"- Então como pai eu talvez criei o imaginario do retorno, do amor, da reciprocidade e acabo levando algumas doses de indiferença e descuidado. Será que são tão bons pelo que demos ou indiferente pelos excessos que cometemos.?
Somos pais, nao temos respostas de amor, ficamos por aqui e por ali e parece que estamos no mesmo lugar relacional. Porque os filhos nao amam seus pais se eles os tem? se ouviram ou ouvem a sua voz ainda? por que eles tem apenas ciumes sociais? nao querem que ninguem aproxime, mas sao egoticos e so querem arrancar um pouquinho do pedaço que lhes interesse somente isso. Porque nao veem os pais como os tais que nao sao invisíveis. Por que somos pais invisíveis? Nao estou falando das mamães, estou falando dos papais, porque as mamães não apenas passam por isso, como algumas ficam sozinhas com isso.
Cade o amor dado de volta dos meus filhos? Por que vou "romantizar", uma vez que eu já não ouço deles pelo menos " Pai, eu amo você !".
2 comentários:
Você não deve se arrepender do amor que dedicou aos seus filhos e sim do amor que deixou de dar. Deus nós dá essas suas criaturas (especiais para Ele), para que cuidemos, ajudemos a evoluir espiritualmente e depois devolvê-los ao verdadeiro Pai, melhores e mais evoluidos. Nossa obrigação é amar e cuidar, sem esperar nada em troca, sem cobrar. Se alguns não evoluiram bastante para reconhecer tudo que fizemos e sofremos por eles, o problema não é nosso. Fizemos muito bem a nossa parte e devemos continuar com os braços abertos para enxugar uma lágrima, dar um conselho, oferecer um abraço. A missão dos pais é dar sem esperar recompensa, se vier recompensa, que bom, se não, que pena, para eles que perderam a oportunidade de demonstrar amor e gratidão. Devemos colocá-los em nossas orações. Meu pai falava: "a gente não cria os filhos pra gente, mas para o mundo." É maior? Tem saúde? Tem condições de se manter? Vai em frente, esquece que só chegou aí porque eu estava do teu lado, te conduzindo e te suprindo de todas necessidades e princilmente te amando, vai em frente filho e que Deus tome conta de ti, eu fiz a minha parte e devolvo ao Pai o que o Pai me confiou.
Assinado: Tereza Medeiros.
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